Vamos realizar a análise cinesiológica e biomecânica das articulações do quadril e sacroilíaca e vamos entender as disfunções dessas regiões.
A conexão entre o tronco e os membros inferiores é realizada pelo cíngulo do membro inferior, formado pelos ossos do quadril e articulação sacroilíaca, tendo como funções o suporte do corpo e o auxílio à mecânica de atividades como:
A articulação sacroilíaca apresenta uma superfície auricular sobre cada uma das partes (ílio e sacro), que deslizam um em relação ao outro de acordo com um movimento circular, centrado pelo ligamento axial. Com os ílios fixos, o sacro pode rodar seguindo um movimento de nutação ou contranutação, conforme vimos anteriormente
Ílio
Sacro
No cíngulo do membro inferior, temos a sínfise púbica, entre os dois púbis, uma articulação cartilagínea preenchida por fibrocartilagem, unida por ligamentos potentes. Esta articulação efetua movimentos fracos de cisalhamento vertical durante a marcha.
Sínfise púbica
A pelve como um todo (ílio, ísquio e púbis) pode realizar o movimento de anteversão ou inclinação anterior, que deixa o fêmur em posição de extensão, e pode realizar o movimento de retroversão ou inclinação posterior, que deixa o fêmur em posição de flexão. Outros movimentos são o de inclinação lateral para a direita e esquerda, e os movimentos rotacionais para esquerda e direita. Estes movimentos ocorrem acompanhando seus homônimos no tronco.
Nesse sentido, podemos estabelecer que o tronco, quando realiza flexão, acompanha movimento de retroversão da pelve e nutação do sacro, enquanto que no movimento de extensão acompanha movimentos de anteversão e contranutação.
Ílio
Púbis
Sacro
Os movimentos do quadril não conseguem ser dissociados da cintura pélvica, uma vez que a pelve facilita o movimento do quadril por meio do posicionamento do acetábulo (espaço - superfície articular - formado pelos três ossos, onde encaixa-se a cabeça do fêmur).
Acetábulo
As disfunções da articulação sacroilíaca aparecem como fonte de dor e disfunção da coluna lombar em até 40% dos casos. As disfunções desta articulação são caracterizadas por um aumento ou redução do movimento, ou pela presença de algum desvio do movimento, pois quando a articulação fica impedida de realizar seus movimentos normais, um ciclo vicioso de disfunção se inicia.
O ciclo vicioso em casos de disfunção na articulação sacroilíca acontece pela interdependência das articulações pélvicas e pelo fato de que presença de lesão em qualquer uma delas irá resultar em tensões anormais da coluna, embora a articulação sacroilíaca seja uma fonte primária de dor.
O mesmo raciocínio aplica-se nas disfunções biomecânicas do quadril, intimamente relacionadas com a limitação de movimentos gerada pela perda funcional da articulação, provocada geralmente pelo desequilíbrio entre as forças para cima e oblíqua dos músculos abdominais, e para baixo e lateral dos músculos adutores.